Nossa concha de retalhos

Nossa concha de retalhos

10.00 IVE incluído

Essa história aconteceu, mas não é real. Eu nunca conheci essas pessoas, mas você as conhece. “A palavra falada voa e a escrita fica” não diz o ditado latino? A minha palavra falada era um pássaro de asas quebradas. Caiu da árvore. Perdeu-se do ninho e nunca saiu da minha garganta. Decidi escrever para colocar um pouco de sangue em cada letra pra que ela viva e essa história morra em mim. Estou assassinando essa história no momento em que a escrevo. Estou expulsando um inquilino que não paga aluguel, estou cobrando a minha felicidade outra vez. A minha palavra escrita é uma arma contra a realidade. Se eu a vivi (eu já disse que essa história é real), ela é nossa. Mas se eu a escrevo, ela é minha. E é assim que eu vou expulsar você, julho, as pedras, a chuva e a gaita de fole da minha cabeça. Vai ser uma chacina. As palavras vão pulsar no papel. E meu coração vai parar de bater. De bater por você.